top of page

s

«Um Pássaro no Arame, de Manuel Alberto Vieira, é um livro desconcertante — e o adjectivo não é aqui aplicado por ser sonante. Desconcerta, no verdadeiro sentido da palavra, esta narrativa de frases secas, curtas, simultaneamente descritivas da acção e reveladoras do labirinto que se guarda na cabeça de cada personagem. É uma narrativa estranha, porque essa secura do verbo contrasta intensamente com o que se vai revelando, mesmo que nada pareça acontecer (sobretudo aí, quando nada parece acontecer). Há uma linha cronológica e há personagens bem definidas, com uma caracterização psicológica extremamente minuciosa, que prescinde das grandes descrições de carácter e se forma pelo conjunto de gestos, indícios e pensamentos. Há acção e uma atenção ao detalhe com que esta se constrói, o texto sempre perseguindo os sinais, aquilo que se revela em cada movimento e em cada decisão das personagens. O que não há é uma estrutura que nos ampare enquanto lemos — e isso não é acidental, claro. A possibilidade de uma estrutura, esboroando-se à medida que o livro avança, tem o seu espelho no desamparo das personagens, sobretudo a de Alberto, personagem central. Este é um texto que procura a sua própria forma, construindo-se à medida que arrisca verbalizar aquilo que suspeitamos arredado da possibilidade de linguagem. Desconcerta, sim, mas é nesse desconcerto que nos faz encontrar um fio possível para o labirinto onde memória e falha acabam por encontrar-se (e encontrar-nos).»

Sara Figueiredo Costa

 

«Coisas que estavam esboçadas nos seus contos (excelentes, na sua esmagadora maioria) ganham aqui um fôlego maior. Esta é uma escrita que não faz concessões. [...] Esta abdicação e ausência de concessões atravessa todo o romance, que nos escorrega entre as mãos, sem que o consigamos propriamente agarrar. Anda por aí muita literatura menor, com manual de instruções e mapa do tesouro, a mandar-nos unir o ponto A ao ponto B, e este ao ponto C, para obtermos o desenho perfeito, recortado pelo picotado. Um Pássaro no Arame é uma tempestade de areia que passa por nós e nos deixa cheios de sede, esgazeados, sem percebermos muito bem o que nos aconteceu. Magnífico.»

Paulo Faria

 

 

«O estilo elíptico da sua prosa, trabalhando uma sintática moldada a régua e esquadro, particularmente difícil de atingir nas línguas românicas (naturalmente perifrásticas), vai à procura de um público específico, demonstrando uma consciência rara entre o universal e o local. A sua prosa, na esteira do que têm vindo a demonstrar outros autores que estão menos expostos à luz dos holofotes, como Ana Teresa Pereira ou Teresa Veiga, vem provar que é possível não ceder a todo e qualquer padrão comercial que se imponha, e que só na lenta maturação hermética de um texto podem albergar-se chaves de leitura para o mundo. Tal como uma das suas personagens, Manuel Alberto Vieira é um autor perigoso, mas “Só é perigoso nas mãos.” (2017, p. 81)»

Ana Rita Sousa, Revista do Centro de Estudos Portugueses

«[...] O universo de Manuel Alberto Vieira [...] é um modo de simulacros e fantasmagorias, um palco onde as pulsões mais obscuras se materializam, para logo se dissiparem como poeira levada pelo vento [...] textos poderosos, obsessivos e claustrofóbicos, para os quais podemos olhar como deflagrações de uma energia negra, raríssima na ficção portuguesa [...].»

José Mário Silva, Expresso

 

«Manuel Alberto Vieira oferece aquilo que, infelizmente, se parece reservar apenas às pequenas editoras, face à ausência de vontade das grandes em arriscar: uma escrita que nos sobressalte e desafie.»

Miguel Fernandes Duarte, Comunidade Cultura e Arte

 

 

 

«Teatro Vertical é um diagnóstico cruel sobre a nossa incapacidade atual de vivermos para lá dessa desilusão que se torna assassina. E cruel, sobretudo, porque mostra quanto essa desilusão e suas consequências são, isso sim, escolha nossa. Eis o que a literatura pode fazer: tornar mais difícil mentir a nós mesmos.»

Luís Mourão, Colóquio Letras

 

 

«Caderno de Mentiras é a auspiciosa estreia de um escritor que parece ter muito para contar. Os contos “Um compromisso necessário”, “O perigo de espreitar o outro lado”, “Encontro”, ou “Nota Final” pertencem à melhor ficção que foi editada, este ano, neste género literário..»

Mário Rufino

 

 

«A lettura terminata rimaniamo con la sensazione di aver afferrato per un breve momento un’idea, l’essenza di qualcosa che però non riusciamo a fissare in parole, tanto fuggevole è la sua natura: ce l’abbiamo sulla punta della lingua ma non riusciamo a districarla dalle immagini che la accompagnano. È forse questa la natura della verità, a cui si arriva per esclusione solo dopo aver sfogliato i ventisei quadri menzogneri dipinti da Vieira con una tecnica irreprensibile.»

Vanessa Montesi, Incipt Mag

bottom of page